Os grupos de
guerreiros toltecas atravessaram gerações orientados pelo Regulamento da Águia,
com oito membros regulares centralizados pela energia dos casais de naguais-de-quatro-pontas
(ou com “aura quádruple”).
Contudo, com
a chegada do final do ciclo anunciado pelos Antigos as mudanças aconteceram. Como
um nagual-de-transição e especialmente como um nagual-de-tres-pontas, Carlos Castaneda
estava sujeito a um outro Regulamento para os trabalhos ascensionais, o qual
não chegou a ser abertamente revelado em sua obra.
Agora
diremos o que aconteceu de fato. Mas para isto devemos remontar inicialmente às
origens das culturas locais, porque o Novo Regulamento possui uma misteriosa
relação adicional com as sociedades dos maias.
1. A Terra dos Grandes Encontros
A América Central
e o Anahuac mexicano eram conhecidos antigamente como “A Terra dos Grandes Encontros”.
Nela se encontravam nações e culturas vindas de outras partes do Continente e
até mesmo desde muito longe de outros Continentes.
Duas grandes
etnias em especial compartilharam ali uma cultura comum: a maia vinda do Grande
Sul (Andes sobretudo) e a nahua vinda do Grande Norte (estepes estadunidenses).
Estas nações
seguiam um curso relativamente natural ou “primitivo” ainda, quando aportou no
Golfo do México a grande expedição chinesa no século VI a.C., fugindo das
transformações materialistas pelas quais passava a China. Buscavam um lugar
seguro para depositar os seus Altos Saberes tradicionais, e através de contatos
prévios tinham conhecimento de que aqueles povos naturais eram admiradores da
Alta Cultura, a qual havia começado já nos Andes e no Peru fazia milênios atrás
e com a qual eles tinham contatos eventuais através do Pacífico.
Foi assim
que surgiu pois a Civilização superior do Anahuac, através da síntese produzida
pela Olmeca em especial, chamado de "o Povo das Nuvens", ou seja, aqueles que alcançaram a necessária
Visão. Estudiosos modernos assinalam a identidade cultural
(estética e mitológica) da Olmeca e da China da época. Mesmo certos calendários
sofisticados que se passou a adotar desde então no México, constatou-se advir
da esfera da cultura chinesa. Uma vez semeado desta forma a Olmeca, os galeões
chineses retornaram às suas terras com o pretexto de estarem realizando
meramente viagens de negócios.
Já naqueles
primeiros momentos, a nação maia compartilhou destas novas informações, as
quais guardou e tratou de desenvolver, enquanto que com o passar dos séculos
muitas coisas se perdiam e transformavam no turbulento universo nahua.
As duas
etnias traziam consigo a marca de suas origens. Os nahuas estavam especialmente
marcados pelo xamanismo e pelo espírito atlante, assim como a força dos mitos
ancestrais. Já os maias possuíam maior propensão à civilização e ao ecumenismo,
assim como à energia da renovação e da profecia.
Com o passar
dos séculos a grande cultura do Anahuc atravessou as suas etapas, e nada se
comparou ao divisor-de-águas da Conquista. Ali a Nahua caiu sob a
impopularidade da Asteca, porém a Maia resistiu como resiste até os nossos
dias, tendo sofrido por isto uma especial perseguição à memória da sua cultura
e civilização, contudo muita coisa se alcançou preservar através da memória
oral.
2. O Nagual da Transição
Quando Don
Juan conheceu aquele curioso jovem chamado Carlos Castañeda vindo da América do
Sul, ele não suspeitava a enormidade das consequências daquele contato.
Carlos foi
adotado pelo velho brujo como um
pupilo, vindo logo a se aperceber do poder da narrativa de Castañeda. A
popularidade dos relatos do antropólogo deram aos naguais a certeza de que o
Conhecimento Silencioso longamente armazenado por gerações de guerreiros seria
divulgado como jamais, e isto era quase tudo o que se poderia desejar então. O
palco estava armado para uma transformação –um fim ou um recomeçou, ou ambas as
coisas, prometia acontecer.
Contudo, a
aparente inépcia de Castañeda e suas guerreiras para realizar certas tarefas tocou
o alarme dos velhos mexicanos. Descobriu-se que o antropólogo tinha uma
configuração energética distinta daquela que se supunha. E um astuto nagual chamado
Silvio Manuel alcançou resgatar certa antiga informação sobre um Regulamento
distinto que se aplicava a esse nagual diferente –um nagual-de-tres-pontas- que
era Castañeda.
Caso os
xamãs ainda estivessem de posse dos saberes nahuas originais, ele poderiam
acessar os seus calendários para saber que certas transformações eram
esperadas. Contudo, os nahuas havia muito tinham perdido as conexões com o Tempo
Maior (mantendo esta informação restrita a pequenos círculos) e depois da
Conquista a desagregação da sua cultura foi ainda mais profunda e traumática,
restando poucos elementos culturais e muita necessidade de adaptação. Seguramente
o Regulamento também estaria inscrito e datado através do Receptáculo da Águia,
antanho existente no alto do Teocalli, o templo azteca.
Cuahuxicalli ou “Receptáculo da Águia”, a “Pedra dos Sóis”
asteca
Neste
cenário de perplexidade se deu a separação dos grupos e a despedida da
mulher-nagual. Os velhos guerreiros haviam partido para o seio do Grande
Mistério. Castañeda descreve no final de “A Dádiva da Águia” a visão que lhe apareceu
então:
“Vi don Juan tomando a
dianteira. E depois só houve uma fila de maravilhosas luzes no céu. Algo como
um vento parecia fazer que a fila se contraísse e oscilasse. Num extremo da linha
de luzes, onde se achava don Juan, havia um imenso brilho. Pensei na serpente
emplumada da lenda tolteca. E depois as luces se desvaneceram.”
A partir
dali Castañeda foi cada vez mais deixado à sua própria sorte, o que significa
dizer também sujeito à influência de suas colegas. Criou-se então a polêmica Escola
da Tensegridade onde misteriosos exercícios físicos (jamais mencionados antes com
este ou com algum outro nome) ocupava o centro das atenções. Veio à tona as
obras das guerreiras e de outros que supostamente orbitavam os ambientes de
Carlos e até de seu mestre Don Juan.
Segundo
alguns, este momento resultou numa descontextualização dos ensinamentos
mexicanos, de resto comum numa situação de transição. Como alcançar a
recontextualização? Castaneda foi parte de uma ponte para o futuro, cabe aos guerreiros
que virão depois completar esta ponte.
Apesar da
idiossincrasia de Castañeda voltada para as chamadas "energias inorgânicas" (elementais ou espirituais), ele era um
homem ocidental moderno e porta-voz de ideias da sua cultura. Tinha
preocupações sociais e carregava um desígnio especial que determinou o final da
linhagem dos naguais. Nas práticas da Tensegridade descobriu a força dos
trabalhos grupais, coisa que deve ser bem-conhecida na China através da
egrégora das escolas de artes marciais.
Tal como Castañeda,
havia outros membros de seu grupo vindos da América do Sul. Tudo isto favoreceu
certa energia transformadora latente na cultura pré-colombiana, sepultada quiçá
na memória viva dos nahuais. Para compreender melhor tudo isto, porém, devemos
retornar à nossa narrativa anterior.
3. Os Dois Templos da Serpente-de-Plumas
Quando Castañeda
alcançou a etapa central da sua produção literária, pode dar a conhecer os
mistérios do Regulamento do Nagual. Sem entrar em outros detalhes aqui, cabe
mencionar a associação simbólica realizada pelos brujos entre a estrutura deste Regulamento com a organização da
colunata do templo dos Guerreiros da cidadela de Tula, Hidalgo, capital do
reino dos toltecas, palavra que significa “artesãos”.
No alto
deste templo existem oito colunas, onde a tradição nagual associa as quatro frontais
humanizada às quatro guerreiras e às quatro posteriores quadrangulares e com inscrições aos
quatro guerreiros (ver em “O Presente da Águia”, Carlos Castañeda, Ed. Record).
Este templo seria um marco da cultura nahua porque ali pela primeira vez se
usou o conceito de colunas, e claramente para sinalizar a posição dos iniciados
como elos entre o céu e a terra.
Uma referência icônica semelhante pode ser encontrada na descrição de Dwarika, a cidade de Krishna também chamada “a Cidade das Oito Portas”, como símbolo da dispensação espiritual árya.
Uma referência icônica semelhante pode ser encontrada na descrição de Dwarika, a cidade de Krishna também chamada “a Cidade das Oito Portas”, como símbolo da dispensação espiritual árya.
Ora, este
templo e toda a cidade de Tula estava consagrada ao grande rei Quetzalcóatl, da
nobre linhagem de restauradores da cultura superior do Anahuac. A certa altura
ocorreu porém mais uma trágica invasão bárbara na região, levando o rei a fugir
com seu séquito pelo Golfo adentro.
Este rumo
foi escolhido porque os toltecas tinham alianças no “outro lado” do Golfo em
plenas terras maias, mais exatamente na bela cidade de Chichén Itza. Lá
chegando o rei foi recebido com todas as honrarias imagináveis, a tal ponto que
a própria cidade foi a ele entregue para co-governar. E ali, os toltecas
tiveram uma grande oportunidade para atualizar os seus conhecimentos, graças à
cultura maia mais preservada e evoluída.
Então se
tratou de erigir um novo templo. Este contexto se relaciona à famosa profecia
do retorno de Quetzalcoatl, que os astecas viram anunciada na forma de um
cometa e depois na figura de Cortez (logo se arrependendo porém disto). Tal
fato evoca o rito do Segundo Templo da Maçonaria (termo que possui significado semelhante
a Tolteca) em torno da reconstrução do Templo de Jerusalém, simbolizando a ressurreição
de Jesus e especialmente a segunda vinda do Cristo.
E isto foi já
feito no chamado estilo maia-tolteca, com dimensões significativamente maiores
e dois segmentos. Também por esta razão, neste templo, a colunata foi ampliada,
e se observa ali a adoção de um duplo-padrão numérico, de tal forma que no
recinto do fundo se preserva a estrutura das oito colunas toltecas, mas na área
da frente encontramos um padrão novo de doze colunas...
Certamente o altar chac mool e as duas grandes serpentes que ainda há diante da escadaria, seriam o nagual e a mulher-nagual.
Certamente o altar chac mool e as duas grandes serpentes que ainda há diante da escadaria, seriam o nagual e a mulher-nagual.
Não houve
portanto naquele momento uma simples substituição, se entendeu que ainda não
seria a hora para isso, e não por uma simples questão de “diplomacia” política
entre as partes mas por se entender haver uma situação de transição. O
duplo-recinto significa que os dois modelos poderiam ainda conviver, assim como
conviviam a cultura maia e a nahua que estavam agora reunidas em definitivo, para
representar a Força Profética do Sul e o Poder Mítico do Norte. Após o 2012 porém,
diziam os maias, as coisas já seriam diferentes. Afinal os maias seguiam
dominando o calendário de conta larga que cedo se perdeu no Anahuac mexicano.
Suas profecias anunciavam para o 21 de dezembro de 2012 a chegada de um “grande
senhor”, como foi revelado neste ano pelos arqueólogos através da profecia
talhada em pedra.
É este padrão
de doze colunas que representa, pois, o Novo Regulamento ou o regulamento do
nagual-de-tres-pontas. Já fazia tempos que este Regulamento vinha sendo usado
pelos naguais maias, favorecendo excepcionalmente os propósitos e as aspirações
dos Novos Videntes, longe dos atavismos do universo nahua sujeito ao
velho xamanismo sempre restaurado pelas invasões bárbaras do Norte.
Naturalmente
a “unidade” deste Regulamento é o valor 3 e os grupos geracionais possuem 12
membros, com seis homens e seis mulheres -maiores detalhes são dados em nossa
obra “O Espelho de Obsidiana” (ver
bibliografia ao final).
O valor doze
está muito presente nas profecias (ver Apocalipse de São João), porém a descrição
da cidade profética demonstra uma “nave de ascensão” completa com os dois
grupos geracionais totalizando 24 elementos, um grupo interno chamado de “alicerces”
simbolizado pelos doze apóstolos (é o grupo hierárquico antigo que realmente parte
ou ascensiona) e outro grupo externo chamado de “portas” simbolizado pelas doze
tribos (é o grupo humano novo que permanece ou retorna à Terra após receber a
sua iniciação). No centro de tudo está o Cristo representando o nagual
principal.
A América do Sul
representa o palco para a manifestação plena destas novas energias, tal como anunciam
as profecias teosóficas sobre o palco da Sexta Raça-raiz, que os nahuas chamaram
por sua vez de “o Sexto Sol”, previsto para começar no ano de 2012.
A chegada do
antropólogo sul-americano ao contexto mágico do México, reforçada depois por
outros membros de origem semelhante, ativou estas energias latentes, produzindo
o encerramento da linhagem tolteca ainda presa a atavismos. É como se o futuro
estivesse reivindicando a sua parte, cobrando um esforço e uma renúncia, como
um ato-de-fé para que o novo pudesse enfim emergir de fato.
Hoje podemos
ver traços do Novo Regulamento –que poderíamos chamar de “Regulamento do Condor”-
em muitos ensinamentos espirituais, alguns deles trazendo até mesmo informações
complementares muito avançadas, tal como sucede na área da Ascensiologia.
Bibliografia:
CASTAÑEDA,
Carlos
“O Presente da Águia”, Ed. Record
SALVI, Luís
A. W.